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O lobo marinho da Madeira é exemplo de sucesso de recuperação de uma espécie ameaçada, com o aumento do número estimado de animais, recebe "carinho especial" dos madeirenses e já tem "maior à-vontade" nas áreas povoadas.

O trabalho desenvolvido pelo Parque Natural da Madeira, através do Projecto de Conservação do Lobo Marinho, tem como objectivo a protecção da espécie e do seu habitat, mas também a monitorização do número de lobos marinhos e seu comportamento, e a sensibilização da população para a presença destes animais. O sucesso do "programa tem vindo a ser mantido. Ao longo dos anos, de acordo com as necessidades que vamos detetando, vamos tentando dar resposta", explicou hoje à agência Lusa a coordenadora do projecto, Rosa Pires, acrescentando que, actualmente, "existirão cerca de 30 a 40 lobos marinhos", contra seis a oito, estimados em 1988, quando se iniciou o trabalho, nas ilhas Desertas.

A bióloga do Parque Natural da Madeira disse que, quando estes animais começaram a vir para a Madeira, iniciaram-se campanhas de sensibilização junto das pessoas para avisar que "o lobo marinho estava de regresso" e reconhece ter havido algumas situações "quase de pânico", pois trata-se de um animal de grande porte, que pode atingir três metros. As campanhas informavam que "o lobo marinho não é um animal agressivo, é um animal selvagem e deve ser tratado como tal", e alertavam para a importância das observações que as pessoas podem fazer, já que a partir destes registos os especialistas vão "conseguindo construir o puzzle" de conhecimento da espécie na Madeira, especificou a especialista.

O pedido de colaboração aos madeirenses teve resultado positivo e desde 1997 até agora foram reunidos cerca de 800 registos de lobos marinhos. Aliás, "de uma forma geral, a população madeirense tem um carinho muito especial por esta espécie, mas continuamos a ter alguns problemas que estão a ser acompanhados" e relacionam-se com a interação com os pescadores, pois os lobos marinhos podem "roubar" o peixe ou danificar as artes de pesca, embora "não sejam muitos os casos", segundo Rosa Pires.

Depois de iniciado o trabalho de protecção, chegaram a nascer três crias num ano, mas nos últimos três anos passaram a ser detectadas duas ou uma cria por ano. A situação, "por um lado, tem a ver com o alargamento da área de distribuição dos animais e pode ser que tenham encontrado outras áreas de reprodução que nós ainda não tenhamos detetado, já que passaram a ser avistados também na Madeira e não só nas ilhas Desertas, e, por outro lado, nos últimos anos temos tido grandes temporais na altura do inverno, quando as crias nascem, o que faz com que não consigamos fazer a monitorização dos animais", explicou.

Rosa Pires realçou o "maior à-vontade" dos animais relativamente às áreas povoadas na Madeira: "Nota-se que o lobo marinho já não receia tanto o homem e a partir de 1997 começamos a observar lobos marinhos em praias abertas, o que não acontecia". A população mundial deste animal em vias de extinção estava estimada em cerca de 500 indivíduos e a Madeira é o único local em território português onde reside um pequeno grupo que tem vindo a crescer.

Madeira é para ti e para mim!
Inté"! (:



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